Marketing para Tecnologia: não é “comunicar”, é orquestrar crescimento


Marketing para Tecnologia: não é “comunicar”, é orquestrar crescimento

Data de publicação: 11/11/2025

Chegou a temporada de metas, OKRs e KPIs. Times de Produto trancados definindo roadmap, Engenharia ajustando capacidade, Vendas calculando cobertura de pipeline… e o Marketing? Muitas vezes é chamado depois, para comunicar o que já foi decidido. Mas a verdade é que nas empresas que crescem de verdade, marketing entra antes — como parte do desenho do go-to-market, não apenas como megafone do produto.

Compartilho com vocês alguns erros clássicos que travam seu crescimento:

1. Planejar marketing depois do roadmap

Produto fecha versões/lançamentos em setembro, marketing “corre” em novembro e vendas tenta vender em janeiro.

Efeito: desalinhamento total; a marca vira calendário de release, não estratégia de mercado.


2. Começar pelo canal, não pelo objetivo do negócio.

Confundir plano de marketing com lista de posts/webinars.

Efeito: ações soltas, verba pulverizada e nenhum impacto em vendas.


3. Não ancorar em métricas de negócio.

Olhar só CTR, views e likes.

Efeito: incapacidade de provar valor em pipeline gerado, CAC, LTV e churn - métricas que indicam a saúde do negócio.


4. Ignorar o orçamento real (e o payback).

Distribuir budget “flat” por mês/canal.

Efeito: campanhas fracas e incapacidade de planejar e entender o mercado, para investir de forma antecipada.


5. Deixar Vendas/CS/Pré-vendas fora do jogo.

Calendários distintos, sem alinhamento de forças para ganhar o mercado.

Efeito: perda de timing, lead fora do ICP, desperdício de lead por falta de SLA de atendimento.


6. Copiar o plano do ano passado com novo cabeçalho.

Repete KPI, muda data, mantém tática.

Efeito: mercado muda (concorrência, pricing, compliance), e o plano não acompanha.


7. Zerar espaço de experimentação.

Sem A/B, sem espaço na pauta para testes de ações, sem prova real de campanha antes de ir pra rua.

Efeito: inovação engessada e custo de oportunidade alto.


8. Falta de priorização (portfólio e ICP).

Tratar todos os segmentos/features iguais.

Efeito: dispersão — nenhum domínio claro de conta/vertical, mercado percebe a falta de especialização.


9. Não revisar planejamento.

Planeja uma vez e arquiva o PPT.

Efeito: por falta de indicadores de acompanhamento, o que foi planejado se perde no caminho e não há revisão de rota. Indicadores de negócio dão o sinal.


10. Narrativa desalinhada na liderança.

Cada diretor com um “pitch”: Produto fala features, Segurança fala risco, Vendas fala preço.

Efeito: ruído interno, confusão externa. Narrativa fraca. Mercado percebe.

Pense no processo como um sistema: Produto, Vendas, CS e Marketing no mesmo quadro

Muitos caem na armadilha de pensar em go-to-market como produto + distribuição. Marketing entra só para divulgar release. Na real, Marketing tem o poder de conectar roadmap às contas certas (ICP), gerar demanda qualificada, baixar CAC, aumentar NRR e proteger margem. Isso pede mesa conjunta com Produto (roadmap e betas), Vendas (territórios, ABM), CS (expansão/upsell) e Segurança/Legal (LGPD, compliance, SOC2 etc.). Todo mundo na mesma mesa.


Traga Marketing para as discussões dos indicadores de negócio. Ele precisa entender que suas métricas operacionais têm que atender aos indicadores de negócio.

Defina primeiro as métricas de negócio: ARR, NRR, churn, CAC/LTV, pipeline, win rate e payback.

Traduza cada meta em métricas de marketing mensuráveis:SQL, demos qualificadas, ciclo de venda, geração de oportunidades por vertical/parceiro, contribuição por canal.

Ajuste o orçamento à estratégia e ao ciclo de vendas (sazonalidade, lançamentos, ABM em contas-foco).

Construa o plano junto com Vendas e CS, inclua SLA entre as áreas, monte um playbook de vendas e MKT, clarificando o SLA entre as áreas.

Priorize com coragem: escolha o que não fazer (segmentos, features, regiões).

Acompanhe de perto seus indicadores. Revise hipóteses, adapte planos, realoque verba onde faz mais sentido.

Alinhe a narrativa de liderança (one-story): problema do cliente → tese de valor → prova técnica → impacto em métricas de negócio.

No fim do dia, a régua é simples: marketing como motor de crescimento, não como vitrine. Quando conecta roadmap, ICP, distribuição e venda, ele deixa de “anunciar features” e passa a acelerar negócio — com previsibilidade.

2026 já começou. Enquanto alguns ainda esperam a virada, as empresas mais preparadas já amarraram produto, vendas, CS e marketing no mesmo plano. Se marketing ainda não está na sua mesa de planejamento, o plano está faltando uma peça crítica — mas nunca é tarde para colocar tudo no lugar. 

Sobre

Leticia Roveri conta com 20 anos de experiência em estratégia de marca, posicionamento e construção de conexões relevantes entre negócios e pessoas, combina visão estratégica com sensibilidade criativa, transformando ideias em entregas consistentes e resultados tangíveis.

Ao longo de sua trajetória, liderou projetos de branding, revisão de portfolio e go-to-market, estruturou times de alta performance e conectou comunicação com propósito de forma autêntica e eficaz. Atualmente, atua como estrategista de negócios no modelo CMO as a service e Conselheira na Blusoft.

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